terça-feira, março 29, 2016

SCENT OF A WOMAN (1992)

PERFUME DE MULHER
Um filme de MARTIN BREST



Com Al Pacino, Chris O’Donnell, James Rebhorn, Gabrielle Anwar, Philip Seymour Hoffman, etc.

EUA / 156 m / COR / 16X9 (1.85:1)

Estreia nos EUA: 23/12/1992
Estreia em Portugal: 5/3/1993



Lt. Col. Frank Slade: «Women! What can you say? Who made 'em? God must have been a fuckin' genius. The hair... They say the hair is everything, you know. Have you ever buried your nose in a mountain of curls... just wanted to go to sleep forever? Or lips... and when they touched, yours were like... that first swallow of wine... after you just crossed the desert. Tits. Hoo-wah! Big ones, little ones, nipples staring right out at ya, like secret searchlights. Mmm. Legs. I don't care if they're Greek columns... or secondhand Steinways. What's between 'em... passport to heaven. I need a drink. Yes, Mr Sims, there's only two syllables in this whole wide world worth hearing: pussy. Hah! Are you listenin' to me, son? I'm givin' ya pearls here.»




Um dos raros exemplos em que os americanos souberam fazer com mérito o trabalho de casa, ou seja, a adaptação de um filme europeu. O original era italiano, realizado por Dino Risi e com Vittorio Gassman no papel principal, e chamou-se “Profumo di Donna” (1974). Não era um grande filme, mas tinha por base uma boa ideia, bem original: um militar reformado, invisual, que se faz acompanhar por um adolescente numa espécie de peregrinação final pelos prazeres mundanos, onde o género feminino tem um papel fundamental (daí o cheiro, ou, mais polidamente, o perfume de mulher). Mas as semelhanças ficam-se por aí, e os dois filmes acabam por seguir caminhos diferentes. Em “Profumo di Donna” é a redenção do personagem principal através do amor de uma mulher, enquanto que neste “Scent of a Woman” são os códigos de moral e de honra que estão em causa.



Assim, e ao contrário do que sucedia no primeiro filme, em “Scent of a Woman”, as mulheres só têm lugar como objecto do desejo, estando os laços de afectividade completamente ausentes. A relação central que o filme procura equacionar é a do militar com o jovem estudante, uma espécie de aprendizagem e passagem de testemunho. Charlie Simms (Chris O’Donnell), é aluno do colégio Baird e, numa certa noite, testemunha involuntariamente o planeamento, por parte de três dos seus colegas, de uma partida visando o reitor e o seu precioso automóvel, um Jaguar novinho em folha. Sabendo que Charlie se encontra em posição de poder identificar os culpados, o reitor, Mr. Trask (James Rebhorn), aproveitando-se do facto de se tratar de um aluno com poucos recursos económicos, tenta chantageá-lo, prometendo-lhe a inclusão do nome para acesso à Universidade, em troco da informação pretendida. É debaixo desta pressão sobre o seu futuro, que Charlie Simms se vai ocupar do militar reformado, afim de ganhar um dinheiro extra para poder ir passar o dia de Acção de Graças junto da mãe e do padrasto.


O tenente-coronel Frank Slade (magnífico Al Pacino, no papel que lhe trouxe o Óscar e o Globo de Ouro, após uma série de nomeações) é um reformado invisual, amargurado e rabugemto, sempre contra tudo e contra todos, inclusive a sobrinha que lhe dá abrigo num anexo da moradia onde vive com o marido e os dois filhos. Como será fácil de imaginar, a recepção ao colegial não é nada acolhedora, mas Charlie acaba por aceitar a incumbência de fim-de-semana, afim de que os familiares do militar possam passar dois dias em paz e sossego. Só que Slade pretende aproveitar a oportunidade para dar uma escapatória a Nova Iorque, com o intuito de cumprir alguns desejos finais: hospedar-se num hotel de luxo (o Walforf-Astoria), comer e beber nos restaurantes mais caros, visitar o irmão (que não nutre grande afeição por ele) fornicar a mulher mais sensual que lhe possam arranjar e, finalmente, dar um tiro nos miolos. Slade consegue materializar todos esses desejos, e mesmo mais dois bónus extra: guiar um Ferrari último modelo e dançar o tango com Donna (Gabrielle Anwar), uma linda mulher que seduz num restaurante, na que é, certamente, a sequência mais célebre de todo o filme.


Mas o seu último desejo, o de dar um tiro nos miolos, é-lhe no entanto negado por Charlie (outra grande cena do filme), e Frank Slade acaba por desistir de partir à força deste mundo. Depois do fim-de-semana acabar, regressam ao ponto de partida, e após efectuar o pagamento anteriormente acertado, Slade separa-se do seu impedido de fim-de-semana e regressa a casa, provavelmente na pele de um homem um pouco diferente daquele que, apenas dois dias antes, tinha planeado tão cuidadosamente o seu suicídio. Quanto a Charlie, tem ainda o seu problema por resolver. A assembleia geral do colégio irá reunir como se de um pequeno tribunal se tratasse e é o futuro académico de Charlie que estará em jogo. Ele está sózinho, apenas com as suas convicções por companhia; mas, à última hora, irá receber um apoio inesperado. Inesperado por ele, porque o público já desconfia de antemão que o tenente coronel Frank Slade não iria desperdiçar a oportunidade de desancar mais uma instituição, regida por ideais retrógrados e moralistas.


CURIOSIDADES:

- Philip Seymour Hoffman, ainda em início de carreira, desempenha neste filme um pequeno papel. Ele é George, um dos colegas de Charlie.

- A cena em que o Frank Slade cai sobre um caixote do lixo, foi acidental, não constava do roteiro.

- Al Pacino frequentou uma escola de invisuais para se preparar para a sua personagem. Para a sequência do tango, ele e Gabrille Anwar ensaiaram durante 15 dias, e a filmagem levou 3 dias. A coreografia esteve a cargo de Jerry Mitchell e Paul Pellicoro.


- Leonardo DiCaprio foi a uma audição para o papel de Charles Simms, tal como Bem Affleck, Matt Damon e Brendan Fraser, entre outros. E a primeira escolha para Frank Slade foi Jack Nicholson.

- “hoo-ah” é uma expressão usada pelas forças armadas americanas em combate. Al Pacino alterou-a para “hoo-wah”, dizendo-a várias vezes ao longo do filme.

- O filme teve 4 nomeações para os Óscares (filme, realização, actor principal e argumento-adaptado) e outras 4 para os Globos de Ouro (filme-drama, actor principal, actor secundário e argumento). Em ambos os casos, Al Pacino foi o único vencedor.

sábado, março 12, 2016

A HARD DAY'S NIGHT (1964)

OS QUATRO CABELEIRAS 
DO APÓS-CALYPSO
Um filme de RICHARD LESTER

Com John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr, Wilfrid Brambell, Norman Rossington, etc.

GB / 87 min / PB / 16X9 (1.75:1)

Estreia na GB a 6/7/1964
Estreia nos EUA a 11/8/1964 
(New York)
Estreia em Portugal a 11/3/1965 
(Lisboa, cinema S. Jorge)

Reporter: «Are you a mod or a rocker?»
Ringo: «No, I'm a mocker»

Em Março de 1965 estava a um mês de completar os meus 12 anos e vivia em Lourenço Marques, Moçambique. Não havia televisão, pelo que os putos dessa altura se divertiam uns com os outros na rua, na praia (que o tempo era quase sempre convidativo) e numa ou noutra ida ao cinema. Sendo filho único, cedo desenvolvi capacidades para também me entreter sózinho em casa, a maioria das vezes rodeado de livros aos quadradinhos e de muitos, muitos discos, pois a música sempre teve uma importância fundamental ao longo da minha vida. A esmagadora maioria desses discos eram na altura de pequeno formato, os chamados 45 rotações, que eu colocava a rodar horas a fio num daqueles gira-discos portáteis, cuja tampa, destacável, era o respectivo altifalante. 

O som que se desprendia daquelas rodelas pretas vinha portanto de uma única direcção - nada cá de colunas sofisticadas, isso era privilégio apenas do meu pai, orgulhoso possuidor de uma aparelhagem último modelo, em verdadeira estereofonia cujo acesso me estava, como não podia deixar de ser, quase sempre proibido. Mas eu queria lá saber daquelas novas tecnologias - o que me interessava mesmo era o portátil vermelho que colocava no chão do meu quarto para poder ouvir toda a música que me encantava: o Cliff Richard e os seus Shadows, a Connie Francis, o Adamo e a Françoise Hardy, a brasileira Celly Campello e, acima de todos, os meus adorados Beatles.

A paixão pelos quatro de Liverpool já era antiga, dois anos inteiros, e tal como a esmagadora maioria dos meus amigos, conhecia todas aquelas canções de cor e salteado, e a cada novo disquinho que aparecia repetia-se sempre a mesma correria às lojas. Coleccionávamos os discos, as letras das canções e todas as fotografias e notícias que encontrávamos dos nossos quatro heróis guedelhudos, recortando-as de jornais e de revistas, e usávamos aquelas magníficas botas “à Beatle” que criaram moda na altura. Isto sem falar da guerra constante com os nossos pais por causa do comprimento dos cabelos que teimávamos em deixar crescer.

Mas, sem televisão, apenas podíamos imaginar como é que eles andavam ou tocavam em cima de um palco. Por isso, quando se anunciou a estreia de “A Hard Day’s Night” foi toda uma ansiedade que tomou conta de mim. Aquele acontecimento único e de uma importância transcendente veio a dar-se no Teatro Manuel Rodrigues (a sala de cinema mais importante da cidade) e foi a loucura total! Devo ter vivido, nesses dias, as horas mais felizes de toda a minha meninice (e é claro que vi o filme por diversas vezes enquanto se manteve em cartaz).

Em muitas outras oportunidades regressei ao filme ao longo da vida, senão com a euforia daquela primeira vez, pelo menos sempre com uma grande e nostálgica saudade daqueles tempos. E são esses tempos fabulosos que efectivamente “A Hard Day’s Night” ainda hoje nos faz lembrar. Feito num estilo quase documental, o filme acompanha os Beatles durante um dia típico na vida do grupo (mais precisamente 36 horas), passado quase sempre a fugir dos fans, com uma série de peripécias pelo meio e sempre, sempre, com muita música à mistura. Hoje, que conhecemos todas as fases da sua fabulosa carreira, desde os princípios dos anos sessenta até ao seu desmembramento no início de 1970, é curioso constatarmos toda a alegria e despreocupação que existiam nesta altura no seio do grupo - eram tempos de puro prazer e  inocência, que nunca mais seriam repetidos na história dos Fab 4 de Liverpool.

“A Hard Day’s Night” é um filme talhado à medida dos Beatles; para eles e sobretudo para todos os milhões de jovens teenagers que na altura da estreia já os idolatravam em todo o mundo (recorde-se que em princípos de 64 é a primeira digressão aos EUA - com a mítica actuação no Ed Sullivan Show - viagem que os catapultou definitivamente para a fama). Ao contrário dos intérpretes da maior parte dos primeiros filmes de rock ‘n’ roll que tinham de vestir a pele de personagens fictícias para tocarem a sua música, os Beatles não tinham necessidade de assumirem qualquer outra encarnação . Existiam pura e simplesmente. Eram apenas eles,  o John, o Paul, o George e o Ringo - jovens que compunham e tocavam grandes canções. Com personalidades diferentes (cada fan tinha sempre o “seu” Beatle preferido) mas todas elas denotando um grande sentido de humor e um charme natural e cativante. Ainda não o sabíamos na altura, mas todos nós estávamos a crescer com eles.

O verdadeiro foco de “A Hard Day’s Night” é portanto o grupo. Existem quatro indivíduos no filme e cada um deles é distinto. John tem a sua perspicácia sarcástica, Paul tem aquele seu bom ar (e um avô irrequieto, “the clean old man”), Ringo tem a sua amada bateria e uma imagem de órfão solitário e George tem a candura que desarma qualquer produtor ou publicitário. Na realidade nenhum dos quatro teve de representar qualquer papel no filme - bastou terem sido iguais a si próprios. E a característica mais comum a todos eles era o “nonsense” (no estilo anarquizante de uns Marx Brothers) com que usualmente driblavam as perguntas idiotas das muitas dezenas de jornalistas ou simples curiosos que constantemente gravitavam em seu redor. Tal como na vida real.

“A Hard Day’s Night” teve uma importância crucial para que o fenómeno, a chamada “Beatlemania”, se alastrasse ainda mais por todo o mundo. E também para a carreira de Richard Lester, que dirigiu o filme. Jonathan Farren escreveu no Ciné-Rock: «Lester joga com o que à época se sabia dos Beatles, ou pelo menos com aquilo que se propalava publicamente através dos media, e com o que se exigia e se aceitava deles. Mas, é incontestável, Lester “apanhou-os”, deu-lhes uma estatura, um modo de estar, um espírito. É a insolência, perdão, o irrespeito, que governa este filme, e sem esse irrespeito, este manjar fino não existiria.»

Curiosamente descrito pela revista Village Voice como “o Citizen Kane dos filmes jukebox”, “A Hard Day’s Night” não mudou o curso da história mas ainda hoje serve na perfeição a memória de todo o entusiasmo duma época - mesmo “datado por causa do seu optimismo ingénuo”, como mais tarde se lhe referiu o próprio Lester. Com uma montagem trepidante e uma belissima cinematografia a preto e branco, o maior trunfo do filme, quer no passado quer ainda agora, na actualidade, continua a ser a excitante música com que os Fab Four entusiasmam sucessivas gerações de admiradores que continuam a descobrir, década após década, o maior grupo de todos os tempos.

CURIOSIDADES:

- A palavra “Beatle” nunca é mencionada no filme

- Todos os figurantes, que passam o filme em loucas correrias e que assistem ao concerto que encerra o filme, são verdadeiros fans dos Beatles

- O filme esteve para se chamar “The Beatles” primeiro, e “Beatlemania” depois. A frase “it’s been a hard day’s night”, proferida por Ringo no fim de um cansativo dia é que deu origem depois ao título definitivo. Nessa mesma noite Lennon e McCartney compuseram o tema que estava pronto a ser apresentado a Dick Lester logo pela manhã.

- O clube de jogo “Le Cercle” é o mesmo que aparece no primeiro filme de James Bond, “Dr. No”. Outra ligação entre os dois filmes é o guitarrista Vic Flick que toca os instrumentais “This Boy (Ringo’s Theme)” e o “The James Bond Theme”


- Richard Lester pode ser visto ao fundo, no palco, enquanto os Beatles interpretam “Tell Me Why”. Na assistência também se encontrava um muito jovem Phil Collins

- Na resposta escrita que John Lennon dá a uma jornalista que lhe pergunta quais os seus passatempos preferidos, a palavra rabiscada é “tits” (“mamas”)

- Pattie Boyd, a futura mulher de George Harrison, aparece em diversas cenas rodadas no comboio (é a loirinha com quem Paul mete conversa)

- Apesar de todos os Beatles terem estado presentes na Gala de Estreia em Londres, nenhum deles ficou no teatro até ao fim da sessão


- George Martin foi nomeado para o Oscar de Hollywood da melhor banda sonora. Curiosamente, Lennon e McCartney não tiveram tal distinção (seriam apenas nomeados para os Grammy Awards). O filme teria ainda outra nomeação, na categoria de Argumento-original. Os quatro Beatles seriam também nomeados para os BAFTA como os mais promissores estreantes em papeis principais.

- Na cena rodada no campo (“Can’t Buy Me Love”), uma das mais célebres do filme, John Lennon não esteve presente por se encontrar a promover o seu recente livro, “John Lennon: In His Own Write”. Foi utilizado um duplo e mais tarde inseridos alguns close-ups de Lennon

- “A Hard Day’s Night” custou a módica quantia de 500 mil dólares mas logo na primeira semana de exibição rendeu 8 milhões, o que o coloca, percentualmente, na lista dos filmes mais lucrativos de sempre.




Pela primeira vez reúne-se num mesmo album todas as doze canções do filme, incluindo também os quatro temas instrumentais interpretados pela Orquestra de George Martin e que só tinham aparecido na edição americana da United Artists (UAS 6366), em 26 de Junho de 1964 (um grande obrigado ao Luís Pinheiro de Almeida, que mos conseguiu arranjar). Em Inglaterra, o album homónimo (PMC 1230 / PCS 3058), publicado a 10 de Julho de 1964, só continha, na face A, sete temas do filme, uma vez que os outros cinco já tinham sido editados em 1963. Aproveitem portanto esta edição da Rato Records, que vale mesmo a pena.

Por curiosidade reproduz-se de seguida o cartaz e o programa distribuído ao público quando o filme se estreou no cinema S. Jorge, em Lisboa. Mais uma vez uma cortesia do Luís Pinheiro de Almeida

LOBBY CARDS:

segunda-feira, março 07, 2016

My name is Bond... James Bond!

Agora que o canal amc começou a transmitir, aos domingos à noite, todos os filmes de James Bond, recordam-se aqui os 24 títulos do célebre agente 007, criado por Ian Fleming (não se inclui "Casino Royale", de 1967, por se tratar de uma sátira e não de um verdadeiro filme de James Bond). Indicam-se as datas de estreia no Reino Unido, o título original, a tradução em português, o realizador, os actores principais e ainda todas as canções escritas de propósito para os filmes (incluindo os respectivos intérpretes). Uma boa ocasião, portanto, de rever os filmes que ao longo já de 6 décadas, têm constituído o cinema de entretenimento por excelência. Cada um terá o seu Bond preferido (o meu é e será sempre Sean Connery), mas acredito que toda a gente já viu pelo menos uma aventura de cada um dos seis actores que até hoje vestiram a pele do agente secreto 007.


1. 1962, Outubro 10 – Dr. No / Agente Secreto 007de Terence Young; com Sean Connery, Ursula Andress, Joseph Wiseman, Jack Lord, Bernard Lee, Lois Maxwell; canção “Under the Mango Tree” (Byron Lee)

2. 1963, Outubro 11 – From Russia With Love / 007 Ordem Para Matarde Terence Young; com Sean Connery, Daniela Bianchi, Pedro Armendariz, Lotte Lenya, Robert Shaw, Bernard Lee, Lois Maxwell; canção “From Russia With Love” (Matt Monro)

3. 1964, Setembro 18 – Goldfinger / 007 Contra Goldfingerde Guy Hamilton; com Sean Connery, Honor Blackman, Gert Frobe, Shirley Heaton, Bernard Lee, Lois Maxwell; canção “Goldfinger” (Shirley Bassey)

4. 1965, Dezembro 29 – Thunderball / 007 Operação Relâmpagode Terence Young; com Sean Connery, Claudine Auger, Adolfo Celi, Luciana Palluzi, Bernard Lee, Lois Maxwell; canção “Thunderball” (Tom Jones)

5. 1967, Junho 13 – You Only Live Twice / 007 Só Se Vive Duas Vezes de Lewis Gilbert; com Sean Connery, Kiko Wakabayashi, Teru Shimada, Karin Dor, Donald Pleasence, Bernard Lee, Lois Maxwell; canção “You Only Live Twice” (Nancy Sinatra)


6. 1969, Dezembro 18 – On Her Majesty’s Secret Service / 007 Ao Serviço de Sua Majestadede Peter Hunt; com George Lazenby, Diana Rigg, Telly Savalas, Gabriele Ferzetti, Bernard Lee, Lois Maxwell; canção “We Have All The Time In The World” (Louis Armstrong)

7. 1971, Dezembro 30 – Diamonds Are Forever / 007 Os Diamantes São Eternosde Guy Hamilton; com Sean Connery, Jill St. John, Charles Gray, Lana Wood, Bernard Lee, Lois Maxwell; canção “Diamonds Are Forever” (Shirley Bassey)


8. 1973, Julho 6 – Live and Let Die / 007 Vive e Deixa Morrerde Guy Hamilton; com Roger Moore, Jane Seymour, Yaphet Kotto, Bernard Lee, Lois Maxwell; canção “Live and Let Die” (Paul McCartney)

9. 1974, Dezembro 19 – The Man With the Golden Gun / 007 O Homem da Pistola Douradade Guy Hamilton; com Roger Moore, Christopher Lee, Britt Ekland, Maud Adams, Bernard Lee, Lois Maxwell; canção “The Man With The Golden Gun” (Lulu)

10. 1977, Julho 20 – The Spy Who Loved Me / 007 Agente Irresistível de Lewis Gilbert; com Roger Moore, Barbara Bach, Curd Jurgens, Richard Kiel, Caroline Munro, Bernard Lee, Lois Maxwell; canção “Nobody Does It Better” (Carly Simon)

11. 1979, Junho 26 – Moonraker / 007 Aventura no Espaço de Lewis Gilbert; com Roger Moore, Lois Chiles, Michael Lonsdale, Richard Kiel, Corinne Clery, Bernard Lee, Lois Maxwell; canção “Moonraker” (Shirley Bassey)

12. 1983, Junho 6 – Octopussy / 007 Operação Tentáculode John Glen; com Roger Moore, Maud Adams, Louis Jordan, Kabir Bedi, Robert Brown, Lois Maxwell; canção “All Time High” (Rita Coolidge)

13. 1983, Dezembro 14 – Never Say Never Again / Nunca Mais Digas Nunca de Irvin Kershner; com Sean Connery, Klaus Maria Brandauer, Max Von Sydow, Barbara Carrera, Kim Basinger, Edward Fox, Pamela Salem; canções “Never Say Never Again” (Lani Hall) e “Une Chanson d’Amour” (Sophie Della)

14. 1985, Junho 12 – A View to a Kill / 007 Alvo em Movimentode John Glen; com Roger Moore, Christopher Walken, Tanya Roberts, Grace Jones, Patrick Macnee, Robert Brown, Lois Maxwell; canção “A View to a Kill” (Duran Duran)


15. 1987, Junho 27 – The Living Daylights / 007 Risco Imediatode John Glen; com Timothy Dalton, Maryam d’Abo,  Joe Don Baker, Art Malik, Robert BrownCaroline Bliss; canção “The Living Daylights” (A-Ha)

16. 1989, Junho 13 – Licence to Kill / 007 Licença para Matarde John Glen; com Timothy Dalton, Carey Lowell, Benicio Del Toro, Robert Brown, Caroline Bliss; canção “Licence to Kill” (Gladys Knight)


17. 1995, Novembro 21 – GoldenEye / 007 GoldenEyede Martin Campbell; com Pierce Brosnan, Sean Bean, Izabella Scorupco, Joe Don Baker, Judi Dench, Samantha Bond; canção “Goldeneye” (Tina Turner)

18. 1997, Dezembro 9 – Tomorrow Never Dies / 007 O Amanhã Nunca Morre de Roger Spottiswoode; com Pierce Brosnan, Jonathan Pryce, Michelle Yeoh, Teri Hatcher, Joe Don Baker, Judi Dench, Samantha Bond; canção “Tomorrow Never Dies” (Sheryl Crow)

19. 1999, Novembro 22 – The World Is Not Enough / 007 O Mundo Não Chega de Michael Apted; com Pierce Brosnan, Sophie Marceau, Robert Carlyle, Judi Dench, Samantha Bond; canção “The World Is Not Enough” (Garbage)

20. 2002, Novembro 18 – Die Another Day / 007 Morre Noutro Diade Lee Tamahori; com Pierce Brosnan, Halle Berry, John Cleese, Judi Dench, Samantha Bond; canção “Die Another Day” (Madonna)


21. 2006, Novembro 14 – Casino Royale / 007 Casino Royalede Martin Campbell; com Daniel Craig, Eva Green, Giancarlo Giannini, Judi Dench; canção “You Know My Name” (Chris Cornell)

22. 2008, Outubro 29 – Quantum of Solace / 007 Quantum of Solacede Marc Forster; com Daniel Craig, Olga Kurylenko, Giancarlo Giannini, Judi Dench; canção “Another Way to Die” (Jack White & Alicia Keys)

23. 2012, Outubro 23 – Skyfall / 007 Skyfallde Sam Mendes; com Daniel Craig, Javier Bardem, Ralph Fiennes, Judi Dench, Albert Finney, Naomie Harris; canção “Skyfall” (Adele)

24. 2015, Outubro 26 – Spectre / 007 Spectrede Sam Mendes; com Daniel Craig, Christoph Waltz, Ralph Fiennes, Judi Dench, Léa Seydoux; Monica Belucci, Naomie Harris; canção “Writing’s On The Wall” (Sam Smith)

terça-feira, março 01, 2016

A PASSAGE TO INDIA (1984)

PASSAGEM PARA A ÍNDIA
Um filme de DAVID LEAN

Com Judy Davis, Victor Banerjee, Peggy Ashcroft, James Fox, Alec Guinness, Nigel Havers, Richard Wilson, Art Malik, etc.

UK-US / 164 m / COR / 
16X9 (1.85:1)

Estreia nos EUA: 1984, Dezembro 14 (New York)
Estreia em Portugal: 1985, Fevereiro 28 (Lisboa)
Estreia na Grã-Bretanha: 1985, Março 18 (London)


Derradeiro filme do prestigiado director inglês David Lean (1908-1991), que ressurgia de um hiato de 14 anos (desde que rodara “Ryan’s Daughter”), “A Passage To India” transporta-nos para o início dos anos 20, altura em que à frente da monarquia inglesa se encontrava o rei Jorge V, e a Índia era uma colónia do império britânico, onde se manteria até 1947. Com argumento do próprio David Lean, “A Passage to India” começou por ser uma novela que o romancista Edward Morgan Forster (1879-1970) escreveu em 1924, após regressar de uma estadia na Índia, onde tinha exercido as funções de secretário do Maharajah de Dewas. Mais tarde, a escritora e jornalista Santha Rama Rau (1923-2009), nascida em Madras, na Índia, adaptou a novela para o teatro. A peça subiu ao palco do Ambassador Theatre de Londres, a 31 de Janeiro de 1962, onde se manteve durante 109 sessões.


Adela Quested (Judy Davis), uma jovem inglesa, viaja para a Índia em companhia de Mrs. Moore (Peggy Ashcroft), uma senhora de idade um pouco avançada, que se vai encontrar com o filho, Ronny (Nigel Havers), recém-nomeado juiz, e que se encontra noivo de Adela. Esta, contudo, está longe de sentir a excitação própria de quem se prepara para selar o acordo nupcial. Hesitante, aparentemente frígida, começa no entanto a deixar-se envolver pela mística e sensualidade indianas, onde existe pouco espaço para a rigidez dos princípios ingleses, nos quais foi educada. Mas a sua própria sexualidade começa a vir ao de cima e isso causa-lhe um certo receio e incómodo. As duas companheiras de viagem travam conhecimento com um médico, o Dr. Aziz Ahmed (Victor Banerjee), cujo dia-a-dia oscila entre o servilismo e a admiração que nutre pelo povo inglês. Organiza uma pequena excursão às lendárias grutas de Marabar, no decurso da qual Adela sofre um acidente que posteriormente a leva a acusar Aziz de violação.


Como não podia deixar de ser, sobretudo num regime fortemente imperialista como foi o britânico, o caso é levado a tribunal, no sentido dos poderes instituídos condenarem rapidamente e sem apelo o jovem médico caído em desgraça, de modo a fazer dele um símbolo da eficácia da justiça britânica. Naquela época vigorava o princípio de “culpado, até prova em contrário” e portanto as perspectivas de uma absolvição eram practicamente nulas. No entanto, e para desapontamento das autoridades inglesas, Adela recupera o bom senso e retira a queixa contra Aziz, argumentando de que nada se tinha passado da forma como inicialmente dera a entender. O médico é libertado e levado em ombros como herói nacional. Mas a sua crença nos ingleses fica seriamente abalada, nomeadamente na relação de amizade que estabelecera com o professor Richard Fielding (James Fox).


“A Passage To India” é um filme que aponta o dedo aos excessos coloniais e ao confronto cultural entre dois povos, que apesar do longo período de convivência (entre 1858 e 1947), nunca chegaram a entender-se. A opressão exercida pelos ingleses (a nível político, mas não só) tinha na altura pouca oposição por parte dos indianos, com excepção de uma ou outra réplica verbal, o que de resto é mostrado no filme através da personagem do jovem advogado Ali (Art Malik), um mais que provável futuro líder do movimento nacionalista indiano. Quanto a Aziz, o seu percurso ideológico vai aos poucos evoluindo, desde a recusa de qualquer tipo de confrontamento até ao levantar do dedo acusatório aos seus algozes.


“A Passage To India”, apesar da sua forte conotação política (e no romance original de Forster essa conotação era muito mais acentuada), é um filme muito belo de se ver, aliás como toda a obra de David Lean. A australiana Judy Davis está sublime nos seus 29 anos, sobretudo nos grandes planos que o fotógrafo Ernest Day conseguiu extrair do seu belo rosto (a “peregrinação” pelo bosque das estátuas é nesse sentido exemplar), tal como Peggy Ashcroft (Óscar para a melhor actriz secundária, o que fez dela, aos 77 anos, a actriz mais velha a receber o prémio), conhecida actriz inglesa, que deambulou décadas pelos palcos ingleses. Banerjee e Malik são dois dos melhores actores indianos de sempre, e todo o restante elenco encontra-se em plano bastante elevado, apesar dos constantes conflitos que a maioria dos actores teve com David Lean. Uma referência final a Alec Guinness, que compõe aqui uma pequena personagem (o excêntrico Dr. Godbole), mas que confere ao filme um toque exótico de humor. Para além de Ashcroft, o filme receberia ainda o Óscar para a melhor partitura musical (teve no total 11 nomeações), da autoria de Maurice Jarre, um nome crónico dos filmes dos anos 60.


Do lado crítico choveram louvores, como que a compensar o ostracismo a que a última obra de David Lean, “Ryan’s Daughter”, tinha sido votada em 1970. Rogert Ebert, do Chicago Sun-Times, escreveu: «O romance de Forster é um dos pontos altos da literatura deste século, e David Lean transformou-o agora numa das melhores adaptações para o cinema que eu já vi. Lean é um artesão meticuloso, célebre por não poupar esforços para que cada plano fique excatamente do modo como ele o imaginou.» A Variety apelidou o filme de «impecavelmente fiel, lindamente interpretado e ocasionalmente lânguido,» acrescentando que «Lean conseguiu, até certo ponto, ter sucesso na difícil tarefa de capturar o tom simultaneamente elegante e irónico de Forster.» Finalmente, a Time Out London descreveu “A Passage To India” como «um esforço curiosamente modesto, abandonando o estilo épico vigoroso dos últimos anos de Lean. Embora tenha seguido fielmente a maior parte do livro, Lean afasta-se do ódio que Edward Forster nutria pela presença britânica na Índia, e consegue reunir o elenco mais sólido em muitos anos. E mais uma vez cede ao seu gosto pelos cenários, demonstrando a sua capacidade de um modo que o cinema britânico nunca pôde igualar em toda a sua história.»


CURIOSIDADES:

- A relação entre David Lean e Alec Guinness foi-se deteriorando ao longo das filmagens e atingiu o ponto mais baixo quando Guinness descobriu que a maior parte das cenas por ele filmadas tinham ficado na mesa de montagem, nomeadamente uma em que o actor interpretava uma dança indiana, que lhe tinha levado muitas semanas a aprender. Os dois homens nunca mais se falaram.

- David Lean queria que Peter O’Toole interpretasse a personagem de Fielding, mas o actor recusou.

Peggy Ashcroft assistiu em Londres à última representação de “A Passage To India”. Nessa altura travou conhecimento com Edward Forster, que lhe disse que um dia ela haveria de interpretar a personagem de Mrs. Moore. Ashcroft respondeu-lhe que seria altamente improvável, dada a diferença de idades entre ela (na altura com 54 anos) e Mrs. Moore.


As grutas que no filme se chamam “Marabar” foram criadas pela produção nas colinas de Savandurga e de Ramadevarabetta. No entanto, a cerca de 35 km a norte de Gaya, existem umas grutas verdadeiras, chamadas Barabar.

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