quarta-feira, dezembro 18, 2013

HOW TO STEAL A MILLION (1966)


COMO ROUBAR UM MILHÃO
Um filme de WILLIAM WYLER


Com Audrey Hepburn, Peter O'Toole, Hugh Griffith, Eli Wallach, Charles Boyer, Fernand Gravey, Marcel Dalio, Jacques Marin, Moustache, etc.

EUA / 123 min / COR / 16X9 (2.35:1)

Estreia nos EUA a 13/7/1966
(Los Angeles)
Estreia na GB a 19/8/1966

Simon Dermott: «Why must it be this particular work of art?»
Nicole Bonnet: «You don't think I'd steal something that 
didn't belong to me, do you?»
Simon Dermott: «Excuse me, I spoke without thinking»

Do mesmo ano de “Gambit” (mas estreado cinco meses antes), esta deliciosa comédia de William Wyler desenrola-se em terrenos muito próximos, conseguindo no entanto superiorizar-se ao filme de Ronald Neame. A dupla de actores (Audrey Hepburn e Peter O’Toole) funciona de igual modo às mil maravilhas, denotando também uma química muito particular entre os dois, mas a excelência dos diálogos e a qualidade da realização é do melhor que a década de sessenta produziu nesta área muito particular da comédia romântica. Hepburn justifica aqui toda a sua elegância e charme (num filme bastante superior ao tão sobrevalorizado “Breakfast at Tiffany’s" [Blake Edwards, 1961]) e O’Toole deixa bem claro que era nestes anos um actor prodigioso, qualquer que fosse o género de filme em que participasse.

Mas passemos à história: Charles Bonnet (Hugh Griffith, a quem este mesmo Wyler deu um papel inesquecível em “Ben-Hur”, o Sheik Ilderim) é o herdeiro de uma linhagem de falsificadores de obras de arte que ganha a vida em leilões e exposições, apesar das constantes objecções da filha, Nicole (Audrey Hepburn): «I keep telling you, Papa, when you sell a fake masterpiece, that is a crime!», ao que o pai responde: «But I don't sell them to poor people, only to millionaires». Um dos seus “tesouros” mais importantes, a Venus de Cellini, que fora esculpida pelo pai tendo como modelo a avó de Nicole, é o centro de atenções numa grande exposição de um dos maiores museus de Paris. A peça irá ser protegida por um avultado seguro contra todos os riscos, no valor de 1 milhão de dólares. Mas para que tal se concretize é mandado vir um perito para verificar a autenticidade da peça.


Como seria previsível, o pânico instala-se nos Bonnet mas a filha tem a brilhante ideia de roubar a estatueta do Museu antes da chegada do investigador de arte. Para isso irá contar com a preciosa ajuda de Simon Dermott (Peter O’Toole), um elegante ladrão que ela própria tinha surpreendido dentro de casa a tentar roubar um quadro (- «For a burglar you're not very brave, are you?» / - «I'm a society burglar. I don't expect people to rush about shooting me») e com o qual vem a estabelecer uma curiosa relação (- «You're mad. Utterly mad. I suppose you want to kiss me goodnight?» / - «Oh, I don't usually, not on the first acquaintance. But you've been such a good sport...»). Nem tudo corresponde à verdade, como se virá a descobrir mais tarde, mas os dados estão lançados para a concretização de uma das melhores, e mais bem escritas comédias românticas dos anos 60.

“How To Steal A Million” foi o antepenúltimo filme de William Wyler (antes de “Funny Girl” em 1968 e “The Liberation of L.B. Jones”, em 1970) e o segundo em que dirigiu Audrey Hepburn (depois de “Roman Holiday”, em 1953). Tendo conseguido reunir um lote de bons actores, para além dos principais protagonistas – o já citado Hugh Griffith, Eli Wallach, ou até Charles Boyer num pequeno papel, não esquecendo Moustache (o guarda do Museu que tem sempre a garrafa de vinho à mão e que parece saído de um dos álbuns das aventuras de Tintin), Wyler teve nesses contributos um valioso aliado que lhe permitiu, sem grandes invenções, realizar um filme do agrado de várias gerações, uma vez que “How To Steal A Million” soube atravessar graciosamente a sempre difícil barreira do tempo.

CURIOSIDADES:

- O actor George C. Scott, que tinha sido contratado para o papel de Leland foi despedido logo no primeiro dia de filmagens por ter chegado atrasado ao set e substituído por Eli Wallach.

- O carro de Nicole é um Autobianchi Bianchina Special Cabriolet (conhecido no mercado por Fiat “Sport” 500) e o de Simon é um Jaguar Type-E.

- O livro que Nicole lê na cama – “Hitchcock Magazine: La Revue du Suspense” – é a versão francesa da “Alfred Hitchcock Mystery Magazine”, que foi publicada pela primeira vez em 1956

- Como piada ao conhecido costureiro Hubert de Givenchy – que fez alguns dos vestidos mais conhecidos de Hepburn – Simon diz a seguinte frase depois de a obrigar a vestir-se como uma criada de limpezas (uma das cenas mais divertidas do filme): «That does it. For one thing, it gives Givenchy a night off»


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